Eu me perguntava todos os dias quantos amores ela teria vivido, quantos daqueles textos se referiam à mesma pessoa, quantos deles eram pura fantasia. Não podia ser grande parcela, pois cada palavra parecia ter sido derramada de verdade e de sentimento, e eu odiava admitir (ainda que apenas para mim), mas aquilo me enchia de um ciúme e de uma pequenês que eu, que não sou muito bom com as palavras, não sei expressar. Eu tinha certeza que eu, em minha inexperiência, não seria de forma nenhuma aquele que ia domar o coração que tantas vezes havia sido tomado.
E eu já estava mais do que obstinado a me dar por vencido e esquecer qualquer possibilidade de chegar as perto daqueles cabelos vermelhos, até que ela foi mais rápida que eu, com aqueles olhos que veem mais que o permitido, ela me viu através de minha distância de segurança e principalmente através do que eu achava ser um disfarce. Nesse dia ela postou no seu blog um texto que não era assinado por ela, mas por Oscar Wilde, e dizia: "O mal poeta vive a poesia que ele não sabe escrever, e o bom poeta escreve a poesia do que ele não é capaz de viver". Eu tive medo de estar viajando, mas eu estava achando que aquele era um sinal de que era comigo que ela queria viver a poesia que ela tanto escrevia, mas nunca chegou a viver.E era!
--Luana Rôla