sábado, 22 de março de 2014

Verde e amarelo?



Hoje eu me vi numa argumentação sobre, digamos, o patriotismo de uma certa pessoa influente no mundo dos blogs e foi bem interessante porque me fez pensar no meu próprio sentimento com relação ao Brasil.

Não dá nem para contar nos dedos o número de vezes que já me senti como se o Brasil não fosse o lugar ao qual eu pertenço, mas acho que chega uma hora que a maturidade tem que tirar esse tipo de pensamento das pessoas porque essas ideias são tanto quanto infantis. 

Por que eu não pertenço ao Brasil? Porque aqui uma grande parcela da população gosta de funk, pagode e sertanejo? Por que os homens usam regatas bregas e as mulheres shorts que mostram a polpa da bunda? Porque aqui é consenso nacional gostar de ver gente pelada no carnaval e no BBB? Então dizer que eu não pertenço a esse lugar seria como dizer que eu sou melhor do que essas outras pessoas, que me cercam por todos lados enquanto eu ando no ônibus e tem alguém ouvindo forró sem fone de ouvido?


Quando eu penso em "desistir" do Brasil por conta de toda uma cultura que aos meus olhos se assemelha a lixo, ou por toda uma visão de que brasileiro é mal educado e malandro mesmo, e isso não vai mudar, aí é que eu me dou conta que o papel de quem enxerga os ônus de ser brasileiro é tentar ser um brasileiro da "melhor espécie" (e pra quem acha que é muito mais culto só porque tá entupido até o pescoço de cultura internacional, foi mal, mas também não é bem por aí não).

Então eu sinto muito em dizer, mas se o Brasil é conhecido como um lugar em que só se ouve um tipo de música que nem pode ser chamada de música, a única forma de mostrar que o o País tem coisa boa é ouvir e compartilhar o que de bom tem aqui. Se ninguém quer que o País seja conhecido por suas falcatruas e seus jeitinhos, talvez a melhor forma de mudar isso seja começando por atitudes como não furar filas ou seja lá que pequena corrupção que tantos fazem todo dia. Se o Brasil é tão conhecido pela depravação das pessoas, pela marginalidade, pela falta de educação , pela intolerância e por tantas outras coisas toscas, talvez seja hora de parar de fugir para as colinas e, se você for tão pequeno e não influente, como eu, pelo menos pensar com seriedade nesse tipo de assunto. Já ouvi muitas vezes na vida as soluções só existem porque em algum momento existiu algum problema e pelo menos refletir nele é algum começo...



E pra quem não sabe, o Brasil tem coisas lindas, seja na beleza das praias, seja nos compositores e escritores talentosos, seja nos bons exemplos de arquitetura que a gente vê por aí, seja no calor das pessoas e tantas outras coisas que até eu me recuso a enxergar às vezes.



Eu tô tentando jurar pra mim mesma que, ainda que alguns dos meus sonhos morem fora daqui, ainda que dois terços da minha playlist e ta minha estante de livros não sejam daqui, eu nunca vou deixar de me orgulhar do meu lugar, e sempre vou deixá-lo em primeiro lugar no meu coração.



(Por último, se é que alguém leu isso tudo, uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos explicita não exatamente o amor pelo Brasil em si, mas mais pelo nordeste, acho. Mas enfim, a tentativa tá válida xD)




(Sim, estou ciente de que o nome do blog é em francês, que eu termino meus posts com um "bises", mas eu não estou estou falando de excluir os outros países de nossa vida e sim incluir mais Brasil nela, então, bises prôces)

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