domingo, 1 de fevereiro de 2015

Dear Winter


Querido Inverno,
               Depois que eu escrevi ao seu antecessor, o Outono, e depois que você finalmente chegou, tentei achar motivos para não escrever também a você e não os encontrei. Pensei também em fazer um compromisso em escrever, então, a cada um dos seus irmãos, mas levando em conta o quão desatualizada estou com meus compromissos, resolvi deixar essa decisão para o futuro: se tiver vontade e motivos, escreverei à Primavera e ao Verão quando o tempo chegar.
               Não sei se você sabe que grande novidade você é para mim nesse novo lugar. Eu não tenho nenhuma prática em conviver contigo, e esqueço minhas luvas todo santo dia em casa. (Você sabe que seus ventos têm uma má fama de avermelhar e até cortar qualquer superficiezinha de pele à vista, não sabe?) Não me leve a mal, mas não acho que eu vá realmente me acostumar ao seu comportamento temperamental, já que não vai demorar até sua partida, e ainda hoje sou enganada pelo brilho do sol pela janela, me fazendo sair bem menos agasalhada do que eu deveria. E quando você soma sua frieza aos ventos que vêm do litoral... Nossa, apenas não se ofenda pelas vezes que já te xinguei mentalmente.
               Mas calma, se você já não largou essa leitura achando que minha única intenção é reclamar de ti, talvez devesse saber sobre como quase fez meu coração parar de emoção na primeira vez que me trouxeste neve. Provavelmente você sabe que estou numa jornada que me leva pra longe de quase tudo que conheço e amo, mas me surpreendo como meu coração é grande o bastante para caber outras pessoas, outros lugares e outros hábitos (como jogar bolas de neve nessas tais novas pessoas) e essas descobertas de que não apenas cada lugar, mas também cada estação traz um novo sabor às experiências têm trazido ao meu coração aquele quentinho que ele tanto precisa quando eu penso que tudo está abaixo de zero.
               E ainda que você faça meus sentimentos oscilarem tanto quanto as sensações térmicas que você traz, e muitas vezes você me faça ter vontade de assistir filme enrolada no edredom o dia inteiro com um copo de chocolate quente ao meu lado, eu tenho certeza que vou sentir sua falta quando você for.
               Pelo menos você não se vai agora, e por isso,
Até amanhã.
 


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