sábado, 25 de julho de 2015

Seja lá o que o passado for...

(Foto: Ana Ísis - só para dar uma variada)

A gente aprende desde muito cedo que o passado é tudo aquilo que acontece antes do presente, ou seja, tudo que vai ficando para trás. Mas às vezes nos esquecemos que até esse “A gente” que eu escrevi e que vocês leram no começo desse texto, há pouquíssimos instantes, já está no passado e, de certa forma, já ficou para trás, ainda estejamos pensando nele e lembrando dele agorinha.
Estando longe de casa há quase um ano, eu me acostumei a pensar no passado em termos de “quando eu estava no Brasil…”, mas ontem, de passagem pela primeira cidade para qual eu viajei depois que cheguei aqui, cada canto que eu reconhecia pela janela do ônibus trazia uma nostalgia diferente: da felicidade de quando eu estava dando meus primeiros passos em experiências tão novas, de estar dividindo tudo isso com pessoas tão fascinadas e cheias de dúvidas como eu, de não ter a menor ideia do que aquelas pessoas pensavam de mim, ou se eu teria companhia para as próximas viagens, da dúvida se eu ainda seria muito surpreendida pelos lugares que ainda me esperavam e se eu ainda conheceria muitos lugares, como eu realmente queria.
E então, naquele ônibus tão estupidamente parecido o primeiríssimo ônibus, depois de ter tipo um dia tão alegre, eu me vi cercada por algumas dessas companhias da primeira viagem, algumas novas também estavam ali, e eu ainda dividia acento com a mesma amizade, e foi aí que eu percebi o quão longe no passado estava aquele dia de uns 10 meses atrás, o quão estavam distantes aqueles medos, aquelas expectativas, aquelas emoções, aquelas primeiras vezes, e como tudo deu lugar a novos medos, expectativas e etecétera que me confundem nesse momento.
Muitas vezes é meio doloroso categorizar coisas que a gente amou viver como passado, exatamente porque parece que é algo que “ficou para trás” e é completamente impenetrável, e apesar de que às vezes seja realmente meio inacessível - como estar no mesmo lugar, com as mesmas pessoas, com aquela mesma mentalidade - isso me faz pensar em como eu não imaginava, nem por um segundo, que eu estava construindo para mim um passado tão incomparável exatamente no mesmo segundo que eu vivia cada um dos momentos que, naquele instante, tanto me pareceram “a melhor noite da minha vida”, “a melhor viagem da minha vida” e assim por diante.
Hoje eu vejo uma coleção de melhores momentos, olhando para esses 21 anos. Daqui há um mês ou uma década, eu posso lembrar de mim nesse quarto, com esse computador, de vez em quando olhando de canto pro meu reflexo na janela e achando que nesse segundo eu me pareço mais com uma escritora do que eu jamais vou parecer na vida (sentada encurvada, com os dedos furiosos, o cabelo bagunçado e a chuva caindo), e talvez eu ria, me ache boba e me afogue em mais um tico de nostalgia. Eu só espero que quando eu olhe para trás e tome um susto com tudo aquilo que já se tornou passado, eu possa estar, ainda que com lágimas nos olhos como estou agora, sorrindo de felicidade.

--Luana Rôla de Sousa

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Futuro, Futuro Meu


"Se você, assim como eu, há mais ou menos 10 anos estava em sua fase teen e tinha um milhão de concepções - provavelmente retiradas de filmes e séries - de como seria os seus 20 e poucos anos, faz aqui um favorzinho e pensa comigo: onde você se imaginava estar a essa altura? Fazendo o que e com quem? Agora vamos olhar para as nossas vidas (não, isso não se trata de um texto de auto-ajuda, eu acho!) pra pensar se concluímos pelo menos metade do que achávamos que seria ideal. Se sim, você concluiu, peço que se retire do recinto, você não se encaixa na minha classe padrão de mimimi. Brincadeirinha, fica, por tudo de mais sagrado, e ensina pras amigas aqui o segredo do sucesso. =)
Na realidade, se eu for parar para pensar, se eu estivesse agora onde eu imaginei que estaria aos 21 segundo o diário da Luana de 12, 13 anos de idade, muitas coisas seriam bem mais organizadas, porém muitas outras seriam bem mais chatas, confesso. Talvez eu tivesse sido, como já falei, muito influenciada por uma versão de young adults americanizada vista nos filmes, eu esperava coisas como: estar morando só (o que em tese estou, mas só até o mês que vem), ou talvez dividindo um apê muito legal com minha melhor amiga, estar praticamente formada, com emprego e amando o futuro profissional que me é reservado, ser experiente nos terrenos complexos do coração, e quem sabe estar namorando o cara com quem, dentro de uns 5 anos, eu iria casar, ser super bem resolvida com praticamente tudo, possuir muitos terninhos no armário, ser organizada com as minhas contas, mandar muito bem na cozinha, obrigada, provavelmente ter algum nível de fama, ou pelo menos, ser melhor amiga de alguma celebridade bem legal… E todas essas coisas estão divididas em algumas categorias: 1 - Coisas boas que eu consegui realizar bem mais ou menos (provavelmente só a parte de cozinhar? Hahahaha); 2 - Coisas que eu queria ter conquistado, mas não consegui e ponto; 3 - Coisas que eu não conquistei, mas, de boas, melhor que elas fiquem reservadas para um futuro próximo e 4 - Coisas que “não, muito brigada” (até porque não, não estou disposta a usar terninhos).
E sabe mais o que? Isso não é ruim, não senhor. Se eu não sou tão bem resolvida quanto eu queria ser, pelo menos com certeza sou menos babaca do que eu era 10 anos atrás e sem dúvidas sou mais sem perspectivas hoje do que o que eu vou ser aos 31 - ou assim espero. E só porque eu acabei de ver no facebook o status sobre o noivado de uma menina que estudou na mesma sala que eu no Fundamental e as fotos do casamento civil de uma menina com quem eu cantei as músicas do RBD, não significa que eu queira isso para a minha vida no presente, como há anos eu achava que eu poderia querer.
Se algumas coisas foram retiradas ou indeterminadamente adiadas da minha lista de desejos, outras que me pareciam totalmente impensáveis ou  fora de alcance, como morar fora do Brasil, foram acrescentadas e, melhor, concretizadas. Acho que a melhor coisa que ansiosos e perfeccionistas - como eu, às vezes - podem aprender é que o que importa não é ser perfeito, mas saber lidar com as coisas da melhor forma, e isso foi algo que eu ouvi da boca da Taylor Swift, num show que me foi um sonho persistente, mas que demorou mais de meia década para se concluir.
Assim, dou parabéns e posso dizer que tenho grande admiração a quem chegou até aqui realizando seus sonhos que permaneceram basicamente os mesmos, a quem teve a audácia de de se adaptar aos seus novos desejos e até mesmo a mim, que depois de anos, continuo sonhando com o dia em que a Emma Watson vai se tocar que ela precisa de uma melhor amiga exatamente igual a mim (ou vocês acham  que eu escolhi vir estudar na Inglaterra porque?)."


--Luana Rôla